Venho colocar minhas opiniões e avaliações no que diz respeito sobre o futebol e a tão chamada modernização dos estádios visando a copa do mundo de 2014 no
Brasil. Como sabemos, o futebol foi introduzido na segunda metade do século XIX
no Brasil,caracterizando – se inicialmente como uma modalidade extremamente
elitista, pois apenas os mais ricos podiam praticá-lo. Segundo alguns autores
(Neto:2002;Pereira:2000), a importância de Charles Miller reside na difusão do
esporte no circuito dos clubes elitistas. A visão de que o futebol era um esporte
elitista foi mudando com o passar dos tempos devido à aceitação e pratica das
classes populares para com o esporte. Na academia brasileira, depois de
superado o preconceito que o classificava como tema menor e sem importância,
os estudos sobre futebol começaram a surgir a partir do final dos anos 1970, início dos anos 1980. Primeiro, o referido esporte foi definido como ópio do povo
(Ramos:1984). Em seguida, encarado como pedagogia democrática à medida que
ensinava a igualdade de todos perante as leis (DaMatta:1982). De um modo ou de
outro, todas as correntes de pensamento reconheciam o futebol como um
elemento chave para descrever e compreender a sociedade brasileira, e,
principalmente, definir-lhe a identidade coletiva.O complexo de inferioridade,
expresso pelo dramaturgo e jornalista Nelson Rodrigues como “complexo de vira-
lata”, foi em grande parte superado, ou, pelo menos, colocado em questão através
dos sucessos obtidos pela Seleção Nacional nos campos de futebol. A partir da
Copa de 1950, realizada no Brasil, o futebol tomou conta da nação de uma tal
maneira que todos passaram a acompanhar o desempenho dos selecionados nos
mundiais. Ao longo desta trajetória, o país foi de um extremo ao outro: se o
desastre total frente ao Uruguai, no Estádio Mário Filho, o Maracanã, estabelecia
o “complexo de vira-lata”, a conquista da Copa da Suécia, em 1958, com um
futebol jamais visto no mundo, refletia a euforia expressa na letra da música
popular: “com brasileiro, não há quem possa” (Antunes: 2004). O futebol arte
passou a encantar o mundo, a hegemonia era total, a ginga, a malandragem de
Garrincha, a genialidade de Pelé, as conclusões precisas de Zagallo, o mundo de
uma vez por todas descobria o Brasil e finalmente o país tinha algum
reconhecimento no exterior. Desde então, o futebol propriamente dito como
espetáculo mudou muito, seja em campo ou nas arquibancadas dos estádios. A
violência em primeiro lugar ajudou nas chamadas modificações ao longo dos
anos. Com a formação das torcidas uniformizadas e depois organizadas nas
décadas de 1940 e 1960 foi acelerando tais transformações. A “moda” na qual se
transformaram as torcidas organizadas ao longo da década de 1990, mais
precisamente em 1994, após a conquista da Copa do Mundo de Futebol pela
seleção brasileira, aumentou muito o numero de pessoas integrando as torcidas.
Na sua imensa maioria são jovens, garotos ou adolescentes que procuravam se
sobressair no meio familiar, no meio de colegas na escola, vizinhos ou até uma
fuga para serem reconhecidos mediante a construção de uma nova identidade.
Pessoas que simplesmente integravam por integrar a torcida, sem saber a história da própria torcida, do seu clube, sem saber a ideologia a seguir ou saber o porquê
estão ali. Mais do que uma simples “moda” a seguir, porém, a torcida organizada
representa a socialização de pessoas, proporciona a festa, o espetáculo dentro
dos estádios de futebol, a possibilidade do “descontrole controlado” (Elias:1992).
Por outro lado, o caos social em que vivemos também se reflete no futebol, o qual
comporta todas as classes sociais, faz parte da cultura do país, logo se torna um
fato social, o próprio futebol e seus acontecimentos.
“O Clima cultural contrario à barbárie proposto por Adorno envolve, além de discuções, atividades coletivas, como dito antes, tais como o esporte. Este traz duvidas, também , sobre as suas consequências. Entre os jogadores, em geral, parece surgir uma atitude de respeito pelo adversário, mas o mesmo não ocorre comas torcidas rivais, freqüentemente agressivas, Essa ambivalência no esporte ilumina as atividades de lazer numa sociedade de relações indiretas possibilitadas por identificações projetivas com alguém que se apresenta à distancia e que reage às nossas reações de forma espontânea.” (Adorno:1993, pág. 350 )
Perante estes fatos iniciou – se um movimento, ainda pequeno de modernização
nos estádios de futebol, a principio, para coibir a violência tas torcidas, uma
espécie de tentativa desesperada para que os estádios de futebol voltassem a
encher como em outrora. Uma das primeiras medidas foram os valores dos
ingressos. O aumento começou no final dos anos de 1990, aos poucos os valores
foram subindo, de 5 reais foi para 10, de 10 foi para 15 aonde deu uma estagnada.
Os torcedores começavam a entender o que estava acontecendo, uma espécie de
exclusão silenciosa que afetava no bolso dos mais humildes e de todos de uma
forma geral. Com a implantação de fidelização do torcedor no começo dos anos
2000 iniciava uma reviravolta na compra dos ingressos e porque não, no perfil do
torcedor. O Primeiro clube a aderir essa fidelização foi o São Paulo Futebol Clube
com o projeto sócio – torcedor, visando mudar um pouco do perfil do torcedor.
Trabalhando na base da troca, o clube disponibiliza uma carga de ingresso para o
sócio – torcedor tendo vantagens e outras mordomias, em troca o torcedor se
afilia ao clube pagando uma taxa todo mês, a afiliação ao clube não significa
freqüentar as dependências do clube, essa afiliação gira em torno da compra de
ingressos e de melhores lugares no estádio. Com a notícia do Brasil ser sede da
copa do mundo de futebol de 2014, a aceleração de modernização dos estádios e
conseqüentemente do futebol num modo geral fez com que muitos clubes
aderissem a pratica de sócios – torcedores visando uma mudança brusca no perfil de seus torcedores. Uma exigência da FIFA, entidade maior no futebol mundial é
que todos os estádios que vão receber jogos da copa do mundo tem que passar por
reformas consideráveis para poder ter direito de realizar os jogos, as cidades que
vão sediar os jogos também devem passar por um processo de reforma para poder
abrigar os torcedores. A intervenção da mídia, a decisão dos meios de
comunicação em transmitir jogos pela TV vem acabando de certa forma com os
torcedores que freqüentam os estádios. Jogos tarde da noite, ou jogos em TVs
pagas como pay-per-view acabam com os torcedores. A busca por selecionar
torcedores passa a ser uma coisa comum e lucrativa no meio do futebol, só
torcedores com um alto poder aquisitivo conseguem assistir jogos na TV paga, as
emissoras de TV dominam a transmissão dos jogos impondo horários absurdos
para realização das partidas. Com a falta de um transporte de qualidade, com os
horários imposto pelas emissoras, torcedores comuns ou torcedores organizados
passam a freqüentar os jogos de futebol nos estádios em menor numero. Hoje,
infelizmente o mercantilismo dominou o mundo do futebol em todas as áreas,
clubes, jogadores, torcidas e estádios, até a copa de 2014, a tendência é, estádios
de futebol com um público diferenciado do que vemos hoje, estádios moderno mas sem vibração, exclusão das torcidas organizadas e torcedores comuns de baixa
renda.
“A modernidade, como qualquer um que vive no final do século XX pode, ver, é um fenômeno de dois gumes. O desenvolvimento das instituições sociais modernas e sua difusão em escala mundial criaram oportunidades bem maiores para os seres humanos, gozaram de uma existência segura e gratificante que qualquer tipo de sistema pré – moderno. Mas a modernidade tem também um lado sombrio, que se tornou muito aparente no século atual” (GIDDENS,1991.pág,16).
Considerações Finais: Concluo que a modernização do futebol em termos gerais,
clubes, público, estádio, é uma exclusão social. Um país como o Brasil aonde se
respira futebol, vive futebol não pode simplesmente mudar o perfil de seu
torcedor ou o perfil dos estádios. Não sou contra a modernização ou contra o
progresso, sou contra a forma de como são transformada as coisas visando o lucro e o privilégio de poucos, aonde uma minoria se beneficia o resto da população é
fadada à acompanhar os jogos em obrigatoriamente em emissoras de TV ou rádio
que manipulam o que e como os torcedores devem assistir. Caso parecido ocorreu
na Inglaterra, para combater a violência nos estádios, ouve uma modernização e
elitização do futebol inglês, a população mais operaria ficou restrita em
acompanhar os jogos de seus clubes nos bares ingleses regado a muita cerveja. A
violência nos estádios ingleses diminuiu consideravelmente, mas ao interno dos
bares aonde torcedores conhecido como Hooligans ainda continua a todo vapor,
provando que não é a exclusão que vai extinguir a violência, mas sim uma política publica eficácia e integrada entre sociedade e poder público.
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