domingo, 1 de abril de 2012

Torcidas Organizadas : Não a Repressão, SIM a Punição

Hoje faz exatamente 1 semana da briga entre corinthianos e palmeirenses na Avenida Inajar de Sousa, zona norte de São Paulo, vários torcedores feridos e 2 palmeirenses integrante da Mancha AlviVerde mortos.

Venho me posicionar diante de tais acontecimentos. A violência no futebol já existe a muito tempo, não é um fenômeno exclusivo dos dias atuais, é verdade que no passado a violência era de uma forma diferente e que agora vem aumentando, mas também é verdade que vivemos em uma sociedade extremamente violenta, vivemos em um mundo violento. Acredito que o que vem acontecendo no futebol nada mais é que o reflexo da violência social que atinge a todos, assim como no transito por exemplo, ou de outra maneira, a corrupção, o mal atendimento nos hospitais públicos, tudo isso de certa forma é uma violência, violência social para com a população, para com a sociedade.

Não é proibir as torcidas de adentrar aos estádios de futebol que a violência vai acabar, as torcidas organizadas tem o direito de entrar nos estádios, subir nas arquibancadas e fazerem a festa com papeis picado, bandeiras, instrumentos musicais, entre outras coisas, isso é legítimo, é constitucional.

O que ocorre é uma falta de organização por parte de todos, policia militar, ministério público e das próprias torcidas. A punição a principio não cabe a torcida em si, mas ao infrator, ou seja, o que cometeu o crime, a agreção, prender, ser punido pelo seus atos, 1, 2, 3, 4 ....... quantos forem, mas que sejam punidos. Policia militar por sua vez saber trabalhar, fazer um policiamento digno, não um policiamento repressor, um policiamento violento, isso só vai gerar mais violência entre ambas as partes, se por um lado todos acusam as torcidas organizadas de ser desorganizadas, o trabalho da policia militar também é extremamente desorganizado. A impunidade, a injustiça é um fator primordial para que a violência cresça cada vez mais, não só no futebol, mas em todos os seguimentos da sociedade, tudo isso são fatores para que próximas brigas sejam marcadas, realizadas e pessoas mortas pela cidade.

Domingo fui ao Pacaembu, fui com minha camisa dos Gaviões, sai de casa sozinho e encontrei um amigo por acaso no ônibus, estávamos indo a caminho do metro Jabaquara. Antes de sair de casa já corria noticias da briga na Inajar de Sousa, só sabia da briga, não sabia detalhes, mas pra quem já é de arquibancada, pra quem já é de torcida sabia que a briga era esperada, não por uma possível marcação pela internet, pelos fatores anteriores, a morte de um corinthiano no mesmo bairro da Freguesia do Ó na zona norte de São Paulo a 8 meses atrás, já era previsto, só a policia sabia.

Cheguei no Pacaembu quase em cima da hora, meu amigo ia pegar o ingresso dele com um conhecido nosso, integrante e liderança da torcida, ia comprar o ingresso que tinha reservado durante a semana, nada ilegal, todo legal como manda o figurino. Como já tinha o meu, estava tranquilo, pegamos o ingresso, comprimentamos alguns conhecidos e seguimos pra fila, isso mesmo, não tentamos invadir, pegamos a fila como todos, a fila que nos destinava para o portão 3, o portão por onde entra as torcidas organizadas. O clima tava tenso, o jogo estava quase começando, a policia por sua vez agredindo os torcedores com xingamentos aonde era devolvido da mesma forma pela torcida. Muita desorganização, antes de chegarmos de fato ao portão 3 do estádio, temos que passar por um corredor minusculo feito com grades, para depois sermos revistado, passar pela catraca e finalmente subir para a arquibancada.

A qualquer momento todos nós sabíamos que poderia acontecer alguma coisa, os policiais empurrando quem estava na frente, segurando a torcida aparentemente sem motivo algum, por outro lado todos que estavam na parte de trás empurravam para frente, pessoas caindo no chão, algumas mulheres assustadas, muita gritaria e pessoas que estavam no meio sendo esmagadas, alguns torcedores tentavam em vão organizar o que já não tinha mais como organizar, alguns policiais mais sensatos também, mas poucos, muito pouco. O inevitável aconteceu, o empurra empurra foi mais, as pessoas que estavam na frente caíram por cima dos policiais, começou as agreções, o tumulto foi generalizado, eu estava justamente na parte da frente, tentei acalmar os dois lados, a torcida e a policia, em vão.

Levantei os braços para cima, como uma demostração de que estava tentando controlar as coisas, fui atingido por uma bomba de gás lacrimogenio, uma não duas, sem motivo nenhum, não estava fazendo nada, estava tentando acalmar o que poderia ficar pior. Garrafas começaram a ser jogadas sobre os policiais que devolviam com bombas de gás e muita borrachada, não tomei nenhuma borrachada, mas fui atingido por 2 bombas sem motivo algum. Um policial sensato segurou a cavalaria, mais ou menos 6 a 8 cavalos, se a cavalaria viesse, iria ser muito pior.

Tudo isso poderia ser controlado com conversa, com dialogo, mas novamente não foi o que aconteceu. Na mídia o que se viu foi uma enchorrada de acusações sobre a torcida, como só a torcida fosse culpada por tudo. Não estava na briga da Inajar de Sousa, mas estava no tumulto da entrada do estádio, não tentamos invadir como foi noticiado, Eu estava lá, Eu vi, abuso dos policias e revide por parte da torcida.

A violência no futebol não vai acabar com repressão, vai acabar com inteligencia, inteligencia de todos, torcida, policia militar e orgõas públicos, não digo que a torcida é santa, porque não é, mas a culpa não é só dela, é da policia, dos orgãos públicos.

O problema tem como ser resolvido, só não foi resolvido até hoje porque não existe interesse.  
Em quanto as medidas que citei a cima não forem tomadas, mais brigas vão acontecer, mais pessoas vão morrer e nada será feito.

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Sou o Luciano, formado em Ciências Sociais, paulistano da gema e da garoa, corinthiano maloqueiro e sofredor"Graças a Deus"; Católico Apostólico Romano. Enfim, é isso.